terça-feira

Como alvorecer infinito sem caber inteiro num escadote

Afinal o rio transbordou apenas dentro da cabeça de ulemá. Também de tanto ver a sua cadela-copo de àgua emborcar à moda desmesurada mares convulsivos de aspiradores marítimos, não admira que o seu cérebro de água doce virasse um pudim flan enorme, com localização geográfica exactamente no espaço onde a língua dá à tona, um pouco entre a casa da ruiva anã (aquela que tinha um rinoceronte que lia antologias em voz alta, por um euro) e o centro da vila, que por pouco não virou, de tão demasiadamente transbordante que estava. No pudim pudico, crianças brincavam de gafanhotos encalacrados com pequenos cavalos minúsculos que saíam nas rifas abonatórias aos domingos clericais. A própria vila era um púlpito gigantesco, de natureza espongiforme conformista tipo passe part-tout, em que tudo o que se dizia era igual a nada, ou seja quase tudo nada era pouco mesmo sendo muito ou tudo (quase como um penico, dos antigos). Eram de sabão transparente estes fedelhos energúmenos que nos passavam multas a espaços, desafiando a sinceridade cidadã de qualquer bom aqueduto transeunte que se considerasse mais a si próprio, do que ao candeeiro de pé altíssimo, que costumava encontrar no bar "Os Maias de Eça de Queiroz" nunca ao fim da tarde-caranguejo, não temos, só santola africana, de grandes dimensões geográficas pós coloniais. Pode ser rematou Gonçalo, cabisbaixo com tudo o que vira enquanto estivera dentro da barriga da cadela de ulemá.
Esta, não a cadela, antes a dona da própria, referida numa palavra constituída por 6 letras, na actual frase, imediatamente escrita, prostrada, afincada, esburgada, esburulhada, esbraguilhoada, depois das três palavras que a antecedem (Esta, não a…), portanto se calhar à noite passamos por aí, como me disse o Gonçalo, numa noção precipitadamente teoria da relatividade, mas ao contrário, de boca fechada de dentro para fora, falando pelos ouvidos (como só ele sabia fazer):
-Não seria mais fácil de um ponto de vista descontrutivo-existencialista de umbigos empoeirados de banha comensal, dizeres logo que não se tratava do animal, mas da dona deste último, acabado de por mim ser referido no papel, papel da subjectividade no discurso da pós conteiporaneidade, discurso.objecto.de acordo.stop.envia o fax depois.ok. continua a escrever agora, está quase a terminar gritaram os taxistas em acordo em relação a "desuníssemos o verbal seborreico com as teorias da complicação desanalític" e o mundo seria um perpéctuo movimento nas cordas de um elefante-andorinha em pleno voo (poesia diriam alguns menos elucidados das relações entre o hemisfério direito e a Antártida episcopal).
-Mais voz tem antes um pé de balde de água suja a gravitar hà 708 anos-escuro, prisão perpétua sideral, ou uma prisão em volta de planeta mão de cão, repetiram em coro, os taxistas, que ouviam a conversa desde o início, desmentindo o Big-Bang, que não era nada disso, mas sim ilusão, teatro de marionetes, encenação, tudo começou no Japão. Ou como um deles dizia, o aqueloutro, do outro dia, lá muito ao fundo fundo, escuto tudo mesmo se não é, pois tudo literatura, tudo psicanálise, tudo artes plásticas, num balde-pé e bebe-se ao deitar. Amanhece-se alvorecido de infinitos dentro de um escadote de viés.
-Experimentem, disse ulemá "a pedestriana", aos taxistas que apesar já irem longe, lá deixaram os ouvidos esquerdos, por sinal os mais atentos e pró-evolucionistas.

O cão era esqui mot, e sozinho dormia o mundo dentro da barriga diurnamente aquática da cadela, filha de ulemá e Sancho Pança.

3 comentários:

paper life disse...

Foi então que D. Quixote o único taxista verdadeiramente magro do mundo, sacou de um livro de cheques para esqui comprar o mot...

:) Olá.

espinalMedula disse...

Mais uma vez excelente, ainda que um pouco extenso.
Quanto mais esta escrita automática evolui mais creio que a sintaxe não interessa pois as frases pretendem sugerir apenas uma percepção subjectiva de uma dada ficção (retirada duma realidade concreta). Gosto principalmente dessa percepção instantânea de figuras e de movimentos que atravessam na mesma frase todos os tempos verbais arbitrariamente. Esperem pelo meu texto para baterem com o oxipital na convexidade do monitor farto do cinescópio.

paper life disse...

já bati.